Cada pingo de chuva, pesado, espesso, mole é uma lágrima que o céu deita por mim.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
XXXVII
Entretanto e sem que eu consiga controlar lágrimas gordas e pesadas saltam precipitadamente dos meus olhos e jorram por esta face inexpressiva abaixo.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
XXXVI
Há muito tempo atrás, quando eu era adolescente, sonhava com o dia da minha morte.
Mentalmente delineei todos os passos. Morreria jovem. Morreria só. Os meus (poucos) amigos compreenderiam. Celebrariam a minha libertação dos grilhos da vida.
Deitava-me sem que tivesse morrido porque teria que ser (n)um dia perfeito. Nada de cartas de despedida, apenas perfeito, como eu tinha idealizado.
Deitava-me a pensar que seria se no dia seguinte que eu morreria, estivessem criadas todas as condições para morrer nesse dia.
Ninguém escolhe o modo como se nasce. Alguns podem escolher o modo como se morre. E a minha vida toda baseou-se nisso, na minha escolha sobre a minha própria morte.
Entretanto vieram outras responsabilidades. Cometi o erro de casar. Teoricamente tenho a vida perfeita. Mas eu sei como pesa querer escolher o dia perfeito e a hora perfeita e o modo perfeito e não poder escolher. Há muito tempo que deixei de partilhar esta minha ideia com outras pessoas e mesmo em namoro nunca foi tema abordado. Tenho um lado desconhecido que só eu conheço.
De qualquer modo ainda não sei qual seria a minha opção. Cortar os pulsos implicaria muito sangue. Comprimidos iam adormecer-me e não iria estar totalmente entregue à sensação de me libertar desta vida. Uma queda de edifício poderia prejudicar terceiros e morrer de queda de falésia para o mar, por muio poético que possa parecer, pode dar em paraplegia e não tendo eutanásia como opção o melhor é não correr riscos.
Tenho até ao fim da vida para planear o fim da minha vida.
Mentalmente delineei todos os passos. Morreria jovem. Morreria só. Os meus (poucos) amigos compreenderiam. Celebrariam a minha libertação dos grilhos da vida.
Deitava-me sem que tivesse morrido porque teria que ser (n)um dia perfeito. Nada de cartas de despedida, apenas perfeito, como eu tinha idealizado.
Deitava-me a pensar que seria se no dia seguinte que eu morreria, estivessem criadas todas as condições para morrer nesse dia.
Ninguém escolhe o modo como se nasce. Alguns podem escolher o modo como se morre. E a minha vida toda baseou-se nisso, na minha escolha sobre a minha própria morte.
Entretanto vieram outras responsabilidades. Cometi o erro de casar. Teoricamente tenho a vida perfeita. Mas eu sei como pesa querer escolher o dia perfeito e a hora perfeita e o modo perfeito e não poder escolher. Há muito tempo que deixei de partilhar esta minha ideia com outras pessoas e mesmo em namoro nunca foi tema abordado. Tenho um lado desconhecido que só eu conheço.
De qualquer modo ainda não sei qual seria a minha opção. Cortar os pulsos implicaria muito sangue. Comprimidos iam adormecer-me e não iria estar totalmente entregue à sensação de me libertar desta vida. Uma queda de edifício poderia prejudicar terceiros e morrer de queda de falésia para o mar, por muio poético que possa parecer, pode dar em paraplegia e não tendo eutanásia como opção o melhor é não correr riscos.
Tenho até ao fim da vida para planear o fim da minha vida.
XXXIV
Há muito tempo que sou mais que uma pessoa sem saber quem sou. Sou este elemento repetitivo e cansativo que não quer sair do fundo - porque mais fundo que o fundo não há - e sou o elemento que levanta todos do fundo - aquele elemento para quem está sempre tudo bem.
Talvez eu seja egoísta e queira o fundo só para mim.
Talvez eu seja egoísta e queira o fundo só para mim.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
XXXIII
No fundo o mudar do ano não passa de uma ilusão que todos temos oportunidade de ter e acreditar que vai ser diferente.
Não é, nunca é.
Este ano o brinde não foi ao novo ano que entra mas sim ao ano que passou, um brinde por ter conseguido chegar ao fim.
Um brinde à força de permanecer aqui sem que quem me rodeia se aperceba do esforço.
Tchim tchim.
Não é, nunca é.
Este ano o brinde não foi ao novo ano que entra mas sim ao ano que passou, um brinde por ter conseguido chegar ao fim.
Um brinde à força de permanecer aqui sem que quem me rodeia se aperceba do esforço.
Tchim tchim.
Subscrever:
Mensagens (Atom)