[GNR, Valsa dos Detectives]
... é só, paranóia, mania da perseguição...
segunda-feira, 20 de julho de 2009
LXII
É mentira.
Neste momento o que mais quero é atirar-me a uma garrafa de vodka.
E beber até morrer.
Neste momento o que mais quero é atirar-me a uma garrafa de vodka.
E beber até morrer.
LXI
Há dias assim: em que dói mais. Não sei o que dói nem o que dói mas dói , dói que consome a alma que acaba por consumir o corpo.
A comida não se achega à boca porque o cheiro provoca náuseas e as náuseas tiram a fome.
O sorriso não chega à boca porque o sorriso não disfarça a confusão da alma e a qualquer momento um sorriso pode trair a alma e não sei quando vou romper num pranto infindável.
Há dias assim: em que dói tudo sem saber onde dói. Hoje é um desses dias malditos em que dói tanto que não consigo esboçar um sorriso, não sei se acabo num mar de lágrimas.
Um dia deixará de doer, um dia deixara de doer e falta menos um dia. Sinto-me condenado a viver uma eternidade, a eternidade da dúvida de não saber quando vai acabar a vida.
Não me quero refugiar em drogas. Seria mais fácil e talvez mais rápido de fazer esta "viagem"; não quero, não sei o dia de amanhã e amanhã apesar de parecer hoje outro dia eterno poderá ser o dia em que tudo muda.
Se isso acontecer eu quero estar bem, sóbrio, consciente e festejar.
Se isso não acontecer eu quero sentir a dor da espera eterna do dia em que tudo acaba sóbrio, consciente e atento à espera de um sinal.
A comida não se achega à boca porque o cheiro provoca náuseas e as náuseas tiram a fome.
O sorriso não chega à boca porque o sorriso não disfarça a confusão da alma e a qualquer momento um sorriso pode trair a alma e não sei quando vou romper num pranto infindável.
Há dias assim: em que dói tudo sem saber onde dói. Hoje é um desses dias malditos em que dói tanto que não consigo esboçar um sorriso, não sei se acabo num mar de lágrimas.
Um dia deixará de doer, um dia deixara de doer e falta menos um dia. Sinto-me condenado a viver uma eternidade, a eternidade da dúvida de não saber quando vai acabar a vida.
Não me quero refugiar em drogas. Seria mais fácil e talvez mais rápido de fazer esta "viagem"; não quero, não sei o dia de amanhã e amanhã apesar de parecer hoje outro dia eterno poderá ser o dia em que tudo muda.
Se isso acontecer eu quero estar bem, sóbrio, consciente e festejar.
Se isso não acontecer eu quero sentir a dor da espera eterna do dia em que tudo acaba sóbrio, consciente e atento à espera de um sinal.
LX
Quando era criança / jovem chamavam-me "bicho do mato". Eu gostava de ficar metido para mim mesmo, com as minhas coisas, as minhas leituras, os meus desenhos, as minhas histórias, os meus cenários.
Como adolescente a minha liberdade era limitadíssima, mesmo assim consegui ter um grupo de amigos. Amigos que me ensinaram a não ter medo de me dar com os outros, que me ensinaram que o Sol está sempre lá a brilhar ainda que por vezes algumas nuvens se interponham e não deixem cá chegar o seu calor e luz, amigos que... amigos que estavam lá, estavam realmente lá.
Fizemos promessas de adolescente, que seríamos amigos toda a vida, que no matter what seríamos um por todos e todos por um. Sim, éramos adolescentes.
Tornámo-nos adultos. Se calhar nem crescemos, apenas envelhecemos. Está cada um para seu lado.
Outras amizades se fizeram e se desfizeram, outras amizades se mantêm vivas quase como se estivessem ligadas à máquina.
O que sinto agora é que nunca deveria ter aprendido a confiar em ninguém. Nunca deveria ter deixado de ser aquela pessoa desconfiada que afugentava todos, que todos achavam arrogante por não saberem descortinar o medo. Ao menos parecia forte.
Agora nem pareço nem me sinto. Agora sou um trapo. Um trapo usado que ninguém deita fora porque nunca se sabe quando pode ser preciso. Um trapo que existe para ser usado para limpar o lixo da alma dos outros.
Um trapo.
Como adolescente a minha liberdade era limitadíssima, mesmo assim consegui ter um grupo de amigos. Amigos que me ensinaram a não ter medo de me dar com os outros, que me ensinaram que o Sol está sempre lá a brilhar ainda que por vezes algumas nuvens se interponham e não deixem cá chegar o seu calor e luz, amigos que... amigos que estavam lá, estavam realmente lá.
Fizemos promessas de adolescente, que seríamos amigos toda a vida, que no matter what seríamos um por todos e todos por um. Sim, éramos adolescentes.
Tornámo-nos adultos. Se calhar nem crescemos, apenas envelhecemos. Está cada um para seu lado.
Outras amizades se fizeram e se desfizeram, outras amizades se mantêm vivas quase como se estivessem ligadas à máquina.
O que sinto agora é que nunca deveria ter aprendido a confiar em ninguém. Nunca deveria ter deixado de ser aquela pessoa desconfiada que afugentava todos, que todos achavam arrogante por não saberem descortinar o medo. Ao menos parecia forte.
Agora nem pareço nem me sinto. Agora sou um trapo. Um trapo usado que ninguém deita fora porque nunca se sabe quando pode ser preciso. Um trapo que existe para ser usado para limpar o lixo da alma dos outros.
Um trapo.
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