sábado, 20 de dezembro de 2008

XXXII

O peso do que sinto já não me atinge só como um forte murro no estômago que me deixa no estado de naúsea.
Derruba-me, senta-se no meu peito e não me deixa respirar. Depois abafa-me o crânio provocando esta enorme dor de cabeça que vem de dentro para fora como se todo o meu cérebro fosse rebentar de tão inchado.

E se eu não sentir? E se eu não pensar? E se eu cessar de existir, virá o alívio?

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

XXXI

Eu não sou. Eu era.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

XXX

Portei-me bem este ano.

Mereço receber as minhas lágrimas de volta.

XXIX

Dispo-me do casaco. Dispo-me da camisola. Dispo-me da camisa. Dispo-me da t-shirt. Dispo-me das calças. Dispo-me da roupa interior. Dispo-me das meias.

Não me consigo despir da minha pele.

domingo, 14 de dezembro de 2008

XXVIII

Mal-me-quer...
Bem-me-quer...
Mal-me-quer...
Bem-me-quer...




Mal me quer.

sábado, 13 de dezembro de 2008

XXVII

Quando me farto de alguém diminuo a frequência do contacto. Inevitavelmente e numa questão relativa de tempo esse contacto interromper-se-á irremediavelmente.

Neste momento fartei-me de mim.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

XXVI

O telefone toca. Ouço-o, ao longe. De longe. Lá longe.

Deixo-o estar lá, no sítio, longe.

Não me movo.

Não há nada que eu tenha a dizer seja a quem for. Não há nada que eu queira ouvir seja de quem for.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

XXV

O silêncio existe para ser usado depois todas as palavras falharem na definição da dor.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

XXIV

As recordações que tenho de ti (de nós) atingem-me com todo o seu peso potenciado pela velocidade que se chegam à mente e a força com que as sinto derrubam-me o espírito.

As recordações atingem-me como um murro no estômago que não me deixa erguer, não me deixa respirar, não me deixa chorar. Deixam-me nesta náusea angustiante.

Se eu ao menos vertesse mais que uma lágrima solitária.

Se eu chorasse tudo, achas que lavaria a alma das nossas recordações?

XXIII

Dói-me para que não doa aos outros.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

XXII

Não sei o que me dói mais: se a ausência da tua presença se a presença da tua ausência.

XXI

Mudamente grito por ti, grito grito grito até me faltar a voz muda e cair num lamento.

Esta lágrima que se escoa face abaixo traça o caminho da dor e vai acabar por se perder dentro de mim.

Dóis-me. Matas-me e ninguém me deixa morrer.

XX

Sinto uma estranha fome insaciável.



Onde estás?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

XIX

Onde todos são capazes de apontar o egoísmo que é um acto de suicídio poucos vêm o altruísmo do acto de permanacer vivo para não ferir ninguém.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

XVIII

Sinto-me só.

XVII

Hoje quero morrer.

Hoje seria um dia bom para morrer. Qualquer dia seria um dia bom para morrer. Mas hoje é um dia melhor porque hoje me apetece mais.

XVI

Teimas em afastar-nos e em afastar-te.

Quando te perderes de ti quem te vai ajudar a encontrares-te?

XV

Voltei. Tu ficaste.

Sinto-me só. Alguma vez regressarás de novo? Poderei alguma vez ir ter contigo?

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

XIV

Doi-te tanto a cabeça como me doi a minha?


Sentes tudo o que eu sinto?

Sentes.

XIII

Serias capaz de deixar este mundo como disseste? Não tens medo?

terça-feira, 12 de agosto de 2008

XII

Porque és assim para ti, para nós?

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

XI

Hoje pegava em ti e levava-te à China.

Vinhas comigo?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

X

Quando olho nos teus olhos e me perco sei que só nós sabemos o que nos une.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

IX

Hoje passei por ti no H5.

Porque é que não me falaste?

sábado, 12 de julho de 2008

VIII

Os dias também te parecem todos igualmente turtuosos?

quinta-feira, 3 de julho de 2008

VII

Hoje quase que os teus olhos sorriam.

Perguntei-te Estás feliz, respondeste O que é felicidade?

terça-feira, 1 de julho de 2008

VI

Hoje vi-te cansada. Perguntei-te a razão do teu cansaço. Disseste que estavas cansada da vida. Não percebeste a minha pergunta, porque eu perguntei porque estavas cansada e não de quê.

Depois perguntei-te se estavas cansada da vida que levavas ou da vida em si. Disseste que não sabias ainda.

Quando vais saber?

domingo, 29 de junho de 2008

V

Hoje ia perguntar-te se gostas de mim. Mas receio o teu silêncio.

sábado, 28 de junho de 2008

IV

Hoje perguntei-te porque me traías. Ficaste em silêncio.

Não percebes que de cada vez que traíste nunca foi aos outros mas sempre a mim?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

III

Algo em mim muda.

Mudo sempre, todos os dias sem me aperceber todos os dias que mudo a cada minuto.

Hoje perguntei-te Achas que envelheci e tu disseste Estás igual mas não te reconheço.

II

Em Tarot o Arcano 13 é a mudança.

I

Arcano
do Lat. arcanu, escondido em arca
s. m.,
segredo profundo;
mistério;
enigma;
adj.,
secreto, misterioso, oculto.


Treze
do Lat. tredecim
num. card.,
dez mais três;
s. m.,
o grupo de algarismos que representa treze.
s. m.,
o que numa relação ou série ocupa o décimo terceiro lugar.

(http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx)