sexta-feira, 3 de abril de 2009

LI

Olho para o meu arquivo aí de lado e apercebo-me que escrevo em rajadas.

Podia escrever dia-a-dia, talvez fosse mais fácil? O que seria mais fácil? Suportar? Suportar o quê? O fardo? Pois... o fardo.

O fardo não é a vida.

Alguns leitores, os poucos que aqui passam, olham-me como um freak marado que não tem coragem de se atirar pela janela.
Talvez até de vez em quando se lembrem de vir aqui espreitar a ver há quanto tempo não se escreve nada de novo e se eu um dia concluir que sim e que a morte é sem dúvida a solução ninguém poderá aqui avisar porque ninguém sabe deste blog.

Ali pelo arquivo do lado a média são uns 5 ou 6 escritos por mês e que chegam todos na mesma altura. Nem eu sei se é coincidência ou não.
Venho aqui quando o murro no estômago me impede de respirar e quando as lágrimas sufocadas e gritos reprimidos correm o risco de soar estridentes de repente.
Assusta-me a ideia de ficar uma temporada num hospital psiquiatrico. Assusta-me a ideia dos chefes e colegas me verem como um weirdo qualquer.

Então venho aqui gritar.

Venho aqui gritar que o fardo não é a vida nem viver. O fardo é querer viver e não conseguir. Querer morrer e ter consciência que o destino prega-nos partidas.

Eu não tenho medo de morrer, pelo contrário, tenho muito medo de tentar e não conseguir o que acho que são coisas diferentes, a meu ver são.

Passam-me coisas pela cabeça desde "e se fico paralítico?" até "afinal existe vida eterna".

E se existe vida eterna e um suicídio nesta vida é um chegar mais rápido à outra? De que adianta então morrer aqui se vou viver noutro lado?


E se estou condenado a viver?

4 comentários:

Anónimo disse...

Não o vejo como freak vejo.o como um homem desesperado. Fala de ser paralítico, eu acho.o uma versão oposta, em relaçao aos orgãos paralisados, ao que é estar.se em estado vegetal. E por mais que tenha desejo de morrer o ainda continuar a insistir na vida só mostra a grandiosidade da sua força. Esse fardo de que fala e que o faz desistir de tudo, cada palha que lhe dá forma aos poucos voa em cada suspiro do vento, falo do tempo, não passa mas atenua. E sim, é dito por experiência própria de quem um dia também carregou esse mesmo fardo e se viu exactamente na mesma situação, não é o querer morrer que que me move ao seu blogue é o porquê. Não é nenhum freak.

Já que tem de viver Espinho, pense em maneiras de viver de cabeça erguida.

Abraço. Free.

hibrys disse...

Uns nascem cheios de alegria pela vida e em viver, outros, tem que se esforçar, por sentir alguma alegria, alguma paixão pelas coisas... tem que lutar todos os dias por esta força invisivel que nos esmagas, que nos faz sentir tão pequenos e desesperados, que o unico desejo é ficar deitado e nunca mais acordar... deixar de querer, deixar de nos esforçarmos para ser aquili que não somos... de alimentar esta "doença" que todos temos que ser felizes. O que é normal? O normal é muito relativo. Para mim o normal é o que me dá a mim conforto, mesmo que seja a vontade de morrer.

Anónimo disse...

Comeu muitos ovos e esqueceu-se que tem um blogue da qual leitores ficam atentos ao quando escreve ou não? Meta pelo menos um poste com um ponto final já sei que está vivo.

Tiago M. Espinho disse...

Não me esqueci qu tenho um refúgio, isso nunca. Este blog é e será onde virei descansar e inspirar uma lufada de ar fresco que me faça aguentar mais uma parte do percurso que é a vida.